sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

O Garoto e o Padre.

- Mas padre, por que, qual o motivo de sermos os únicos habitantes desse vasto universo?
- Pois somos seres privilegiados, meu jovem. Quando Deus nos colocou no mundo nos escolheu a dedo, e fez a cada um de nós cuidadosamente.
- Eu não entendo. Porque somente nós? O universo é tão vasto, e repleto de uma gama enorme de variedades, seria estupidez acreditar que somos únicos.
- Meu garoto, me desculpe, perguntas demais e pouca fé, dessa maneira você irá sofrer muito em sua vida. Pessoas com pouca fé e dúvidas em excesso levam uma vida difícil, pois notam que pouco sabem e que pouco mais saberão. Sinto muito, mas não posso aceitá-lo nessas condições aqui nesta igreja.
- Estamos em 2008 e o senhor me vem com papos como esse? Sinto muito, eu não quero ter que viver em um caminho onde tudo o que me resta são certezas impostas e afirmações incertas. Até nunca mais.

E foi assim que Joe fez sua primeira grande escolha na vida. E enquanto ele achava que era o único que cuidava de seu próprio juízo, descobriria mais pra frente, que outros o assistiam e olhavam por seus atos. O universo é vasto. Esse era seu lema de hoje em diante. O mundo constantemente tentava lhe provar o contrário, mas ele estava certo do caminho que desejava seguir. Ele escolheu acreditar, duvidar, aprender, e sabia que a vida iria lhe ensinar muito a respeito de diversas coisas. Mas também sabia que com essa escolha teria que encarar o preconceito de um mundo inteiro, ser tido como um traidor e lunático até mesmo pelos seus familiares ( pessoas muito crentes) .

E lá estava, em mais um dia monótono, olhando para o céu e se indagando a razão quando observou de longe uma luz que não parecia com quase nada que já havia visto. Com a saliva travada na garganta correu para mais a fundo de seu quintal e olhou fixamente. A luz pulsava como um coração a bater, e o seu coração parecia pulsar junto. Ela variava de cores e mudava sua posição muito rapidamente o que começou a lhe causar uma impressão de desconforto pois ao mesmo tempo que ele se maravilhava por ver algo curioso, temia por o que aquilo realmente fosse. O homem em frente ao universo, foi mais ou menos assim que se sentiu. Uma sensação estranha, que lhe agradava, pois sabia que é esse tipo de sentimento que faz o homem se colocar no seu lugar e notar o quanto as coisas estão fora de seu controle. A luz se apagou. Daquela noite em diante o mundo em que vivia começaria a se tornar pequeno.

Um comentário:

  1. Gostei da atitude do Joe, eu faria o mesmo também...
    Eu acho muito importante indagarmos, fazermos perguntas para tudo aquilo que ainda não possuímos respostas, acho que isso nos faz sentir vivos, afinal, qual seria o sentido da vida se para todas as perguntas houvesse uma resposta e pronta e acabada...Certamente não teria graça alguma...

    Fox, adorei o começo dessa sua estória e estarei acompanhando aqui...Estou curiosa pra saber a continuidade das descobertas de Joe.
    Beijo! :*

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